Eu e o Cão na terra da aventura [#115]

  • 30 de junho de 2014
  • Categoria: Fantasia

Será que não tem uma trilha nesse matagal? Ah, aqui. Bem melhor. Umas frutas pelo caminho, tô com fome. Olha, aos pés dessa árvore. Gostosas. Mas dão uma sede. Que barulhinho manso, parece água. Um riacho! Só uma cama boa pra esticar o corpo e, nossa, justo aqui, um casebre! Deixa eu entrar, ver se não tem ninguém. Vazio. Que cama boa, colchão duro, bom pra coluna. Cobertor fofo. Podia tá frio pra eu me cobrir com ele. Que vento gelado!

Agora quero dormir, mas preciso ficar alerta, não conheço o morador. Pode até ser que tenha algo no armário. Porta entreaberta, será que tem– Olha, tá abrindo. Que é aquilo? Dois olhos? Será que é um– Saio correndo, o lobisomem atrás. Disparo pela floresta. Acho um tronco oco, me enfio lá dentro, o bicho passa reto. Que alívio. Agora essa casca tá estranha, tem umas coisas penduradas aqui. Pegajosas. Teias? Mexo o braço. Preso. Ah não, não pode– Olho pra cima, uma aranha gigante desce por um dos fios. Tento me soltar mas isso só parece piorar o aperto. Ela pousa na minha cabeça, as patas na testa e nas orelhas. Balança na minha frente, me olhando com todos aqueles olhos. Se prepara pra ferroar a ponta do meu nariz. A não ser que seja um teste. Se eu ficar quieta, passei. Ela percebe. Diz Oi menina, você passou. Será que pode me ajudar? Tem um passarinho bicando a árvore e o barulho não me deixa em paz. Claro, ajudo sim.

Liberta das teias, começo a procurar o passarinho. Ele bem que podia tá ali, atrás daquela árvore e– Oi, passarinho, tava querendo mesmo falar contigo. A aranha tá pedindo pra você não bicar mais a árvore dela, será que tem como partir pra outra? Tá bom, obrigada, viu. Não vou esquecer. Agora eu bem que podia achar o Cão, o cachorro que perdi quando era novinha. Ele gostava de se esconder numas cavernas, como aquela. Talvez esteja vivo e morando por aqui. É, é bem a cara dele e– Cão, é você! Nossa, que saudade! Vem cá, deixa eu te dar um abraço. Que maravilha! Nunca achei que fosse te encontrar. É, eu sei que você não queria fugir. Mas precisava ajudar o rei dos cachorros. Claro que entendo. Como um dos membros da Guarda Real não podia mesmo faltar com o dever. Vamos, vamos brincar! Já aprendi como funciona. Por isso tô pensando em coisa boa, por isso pensei em você. E agora tô pensando numa ração bem gostosa, olha aí, viu? Tá boa? Depois acho que vamos escalar o arco-íris e deitar nas nuvens e–

- Vó. Vó! Acorda, vó! Você tava falando sozinha.
- Ô, menino! Pra que me acordar desse jeito, deixa eu descansar!
- Mas acho que você tava tendo um pesadelo!
- Pesadelo o escambau, moleque. Vai lá com a sua mãe, me deixa em paz.

–desculpa, Cão. Eu tive que resolver uns problemas. Onde é que a gente tava mesmo? Ah, então. O arco-íris. Você acha que dá? Claro, um tapete voador, claro que eu tenho. Aqui, deixa eu pegar na minha mochila, tenho mais coisas tamb–

- Vó, vó! Vem, o almoço tá pronto!
- Moleque! Que que eu falei!
- Mas é strogonoff, vó!