Hei, Hou, Borunga chegou [história inédita na Mafagafo]
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MAFAGAFO é uma revista digital de ficção científica e fantasia brasileira que traz, na sua 3ª temporada, um conto ou uma noveleta inédito todo mês.
https://mafagaforevista.com.
“Hei, hou, Borunga chegou” é a edição de junho, de minha autoria. Tenho um carinho especial por essa revista, da qual participo desde a 1ª temporada de uma forma ou de outra, e dos nomes que ela tem revelado ou evidenciado desde que foi criada.
Aqui a sinopse da história:
Ribu, uma garota humana, é salva da destruição da Terra pela tripulação alienígena do navio Borunga. Aos sete anos, descobre que o Borunga é uma embarcação que atravessa o multiverso buscando planetas e mundos prestes a morrer e salva deles um único espécime inteligente. Depois de cinco anos na embarcação, Ribu se torna uma de suas mais confiáveis marujas, titular nas missões de resgate. É quando é escalada para salvar Kérrera, uma menina-ovo, que logo se torna sua amiga — e também estopim de muitas mudanças no navio.
Bastante diferente do trabalho que faço no Flash Fiction, onde a brevidade e a concisão são essenciais, essa história do Borunga tem cerca de 17.400 palavras. É uma leitura que exige mais de hora, e é também o tipo de narrativa ao qual tenho me dedicado mais em tempos recentes.
Na última vez em que nos comunicamos, no início de 2019, eu previa um retorno muito próximo do FF. Mas acabei me dispersando, me dedicando a outros projetos e recorrendo a um pedido de férias premium deste projeto de minicontos que toquei quase ininterruptamente por cinco anos. Chegando perto dos 500 drops, percebi que talvez seria bom recarregar as baterias. Continuo afirmando, aos que me perguntam, que o FF está apenas em hiato. Vai voltar. Mas obviamente já não faço previsões, costumo errar bastante nelas. Continuo produzindo, e vou informando vocês de novidades por aqui, a conta-gotas, até nosso retorno definitivo.
Logo da Magafafo
Voltando à Mafagafo, apesar dela ser uma revista independente, procura se aproximar o máximo possível do cuidado editorial do mercado profissional. Assim, para esta temporada de 2020, a Mafagafo mudou o seu formato, convidando 12 editores com experiência variada no mercado de ficção especulativa e abrindo uma chamada para autores enviarem o material. Não a história inteira, mas o pitch (uma explanação do conceito), um resumo do enredo e uma mostra do início da história.
Foram 140 inscrições ao todo, e 12 dessas histórias foram selecionadas para ser lidas na totalidade. O editor que escolheu a história do Borunga e a editou foi o Rodrigo van Kampen, o desbravador editor da revista Trasgo (curiosamente, inspiração inicial da Mafagafo).
Assim, a primeira versão da história (que passou pela leitura beta de três amigues querides), com cerca de 12 mil palavras, foi transformada e aprofundada até alcançar o tamanho atual, devido às provocações do Rodrigo. Por fim o André Caniato (outro editor, este da Plutão Livros), fez a preparação e revisão da história.
Outra feliz coincidência foi a escolha do Mário Neves pra ilustrar essa capa fueda. O Mário é conterrâneo cuiabano, amigo de épocas de colégio, e acabou se candidatando pra vaga de ilustrador por minha enchição de saco. Ele escolheu dar vida à gangue que você vê acima, alguns dos marujos amigos de Ribu e ela, em destaque. Não preciso nem dizer que ainda trabalharemos juntos em outras coisas. A direção de arte da revista é da Giovanna Cianelli, que tem feito novas versões animais de alguns clássicos da Editora Aleph.
E a editora-chefe, que tornou toda essa aventura possível, é a Jana Bianchi. Veja como as coisas são conectadas: muitos anos atrás, eu e Jana publicamos alguns dos nossos primeiros contos numa mesma edição da Trasgo. Foi assim que nos conhecemos. E ela teve uma ideia maravilhosa: a de criar um financiamento coletivo recorrente pra que a Mafagafo pudesse pagar todos os profissionais envolvidos na feitura da revista. Ele continua ativo, e é através dele que leitores podem auxiliar a publicação, já que todo o conteúdo é gratuito, direto no site ou em arquivos epub e mobi pra leitores digitais.
https://www.catarse.me/
Não só isso: além da Mafagafo, o carro-chefe, foi criada a Faísca, que é uma newsletter semanal de, adivinhe, flash fiction, ou minicontos, ou ficção relâmpago, editada pela Jana e pela Fernanda Castro. A Faísca segue os exatos moldes daqui da newsletter do Flash Fiction: contos entre 300 a 1.000 palavras, semanais, direto na sua caixa de e-mail. Se você gosta de fantasia e ficção científica, de flashes e quer receber mais deles, recomendo com força.
AQUI você pode assinar a newsletter.
Logo da Faísca
Por acaso, essa semana marca o fim da segunda temporada, a terceira começa em agosto. A cada temporada abrem novas submissões, então se você escreve, procure informações no site da Mafagafo e você pode ter sua publicação garantida prum público médio atual de 1.500 assinantes, com o alcance adicional das redes. Acho que nunca citei a Faísca aqui na newsletter, mas já divulguei bastante o trabalho pelas páginas. Estava devendo essa e agora, enfim, não há mais desculpa.
É isso.
Quis aproveitar esse espaço mais íntimo da News pra citar todas essas pessoas e conexões e bastidores e deixar bem claro que a literatura, em alguma medida, é um trabalho colaborativo. E é melhor por isso. Tem muita gente envolvida em qualquer livro que chega às nossas mãos, embora o crédito costume ser sempre do autor. O cimento é dele, mas a pintura, o ar-condicionado (principalmente em Cuiabá) e a decoração fazem diferença, e essa é a função de outras pessoas. O mercado é sempre um sistema, um arremedo de continuidades e encontros, alguns ao acaso, mas nem sempre. E há pessoas construindo coisas dignas de nota, apenas aguardando a chegada de visitantes, de leitores, de entusiastas. O bacana é procurar, sair da casca, não deixar apenas as filtragens comerciais e padronizadas orientarem o que consumimos e o que, consequentemente, nos transforma.
Por fim, também aproveito esse espaço pra te dar um oi, sei que faz tempo que não apareço. Nem preciso dizer que estamos atravessando um período difícil, de transformação profunda da nossa rotina. Qualquer um que se informe encontra isso de sobra. Nessas horas a arte tem esse poder revitalizador de transposição, de preenchimento, de sobrevida, de sossego.
Espero que o Borunga seja um espaço de acolhimento pra você também.
Até breve,
-Santiago Santos