Porra alheia

Não, Catarina. Você não entra mais aqui. Não entra. Ajudou a pagar sim, a construir, tudo é teu. Mas não é mais. É meu e deles, que eles não merecem passar por isso, ter que ouvir isso.

E daí que eu não trabalho, caralho. Quem é que cuida dessa porra dessa casa? Quem é que tá varrendo e lavando louça e fazendo arroz e feijão todo dia pra ninguém passar fome? Isso não é trabalhar? Dane-se que eu não compro a comida.

É claro que eu não sabia. Você nunca falou que tava ardida, arrombada, regaçada. Era sempre cansada. Lembra? Tô cansada, Arnaldo, agora não. Hoje não. Outra hora. Quer que eu bata pra você? Então tá. Boa noite. Lembra disso, sua desgraçada? Lembra?

Vai! Pega a merda dessa roupa suja, dessa desgraceira toda do guarda-roupa. Cadê o resto, a roupa do trabalho? Ah, fica na Cíntia, claro! Aquela vagabunda. Aquilo lá não é segredo. Mas você, Catarina! Porra! A gente casou na igreja, caralho! A gente casou na igreja! O filho da puta do padre falou tudo aquilo e fez o sinal da cruz na nossa testa. NA TESTA! Eu vou bater sim, vou bater até sangrar se eu quiser que a testa é minha e faço o que quiser com ela assim como tu faz com a tua bunda o teu peito a tua boca a tua maldita buceta, Catarina! Porra!

Vai de uma vez. Não começa a chorar, não inventa! Eu não vou ficar com dó. Imagina, se posso continuar casado com puta. Nunca. Não vim pro mundo pra isso não, não tô aqui pra beijar boca cheia de porra dos outros. Vai. Não deixa nada, nada. Pede pros teus filhos ajudarem. Eu vou ali no Cavalo engolir essa merda com cerveja e quando eu voltar acho bom tu tá bem longe. O que sobrar vou queimar. Não tô preocupado. Abre a bolsa. Me dá 20. Agora. AGORA.

Porra! Tenho que arrancar essa desgraça da tua mão toda vez? Por tudo o que eu faço nessa casa, 20 reais não é nada. 20 reais é uma punheta pra você, né. Um boquete. Que nojo. Tenho nojo de você. Nojo.

Aí, Matoso. Desce uma. Tá gelada? Se não tiver gelada vou quebrar essa porra dessa garrafa na tua cara. Nem vem! Não tô com saco hoje, caralho. Só me deixa aqui. Me deixa. É só pepino, um atrás do outro. Me deixa em paz. Dá aqui. Dá o copo. Manda o corno ali baixar o som. Se vier um filho da puta me torrar a paciência eu vou mandar tomar no cu e se não tomar vou partir pra cima.

O que eu falei, caralh– Que foi? Quê? Cês tão indo também? Vão embora com aquela puta? Cadê a chave? Quer ir, vai, ingrato filho da puta. Vai, leva o teu irmão, vai ver o tanto de pai que ela vai arranjar pra vocês na estrada. Vai, desgraça. Vai. Vai. Só vai. Vai de uma vez. Vai. Não encosta em mim. Vai. Não quero, filho da puta. Vai. Vai.

Numm mee encchhhe o ssahco, MAttosu. Saiiiaii. Euu seuiii o cmaimnhooo de caaasa. ESEiiquiiiiui. Cattarinaa, suuiuaiua puutaa, cdde voocêê? Cataaanirinaa. Catataaainriinan.