Toro e Malone [#52]

- Não achei que fosse te encontrar aqui, Malone.
- Você sempre me subestimou, Toro. Mas eu estou na sua cola desde Hong Kong, te persegui pelo submundo londrino e vi enquanto brincava de gato e rato na Champs-Élysées. Você é rápido, mas não tão rápido.
- Por tudo que é sagrado, Malone, eu DEIXEI você me seguir. Lembra quando fumei um cigarro naquele pub perto do Hyde Park, depois que saí do esgoto? Era o quinto cigarro seguido esperando você se livrar daqueles répteis que deixei pra trás. Só quando te vi subindo pelo bueiro, todo carcomido e desorientado, foi que entrei no pub.
- Se sabia que eu estava te seguindo por que continuou? Por que veio até a tumba perdida?
- Quem disse que essa é a tumba perdida? Estamos diante do túmulo da minha avó. Minha família é de origem irlandesa. Todos os meus antepassados foram enterrados aqui, perto de Belfast. Não leu minha ficha?
- Você não me engana, Toro, não tem um pingo de sangue irlandês. Você e pelo menos dez gerações que te precederam são espanholas.
- Acredite no que quiser. Eu vim prestar minhas homenagens. Faz 30 anos que não venho aqui. 30 malditos anos desde que entrei pra agência e comecei a trabalhar praqueles desgraçados. Você tem que me ouvir enquanto é tempo, Malone. Saia dessa vida. Quando perceber que foi usado pra fazer o tipo de coisa que eles fazem pra se manter onde estão será tarde demais.
- Fecha a matraca, Toro. Abre logo esse túmulo. A coroa está aí dentro, tenho certeza.
- Se tem tanta certeza abra você.
- Não estou brincando. Vou ter que desperdiçar uma bala pra te convencer disso?
- Ok. Mas se considere avisado, Malone. Se eu tiver que violar a memória da minha querida avó vou ter que te matar por isso. Pode demorar, mas sou um bom caçador. É por isso que está na minha cola, não é mesmo?
- Cala a boca e abre essa porra.
- Tudo bem, Malone, tudo bem.

O tampo do túmulo foi movido com muito custo. Toro aproveitou o gás inebriante soprado pela fresta e atacou seu perseguidor. Malone era bom mas ainda muito inexperiente para resistir às técnicas aguçadas do antigo superior. Toro deixou-o cair no chão frio do mausoléu e ali ficar esparramado. Terminou de abrir o túmulo, pegou a coroa do Rei Volinster II, o Louco, e desapareceu nas sombras.


*O jogo de gato e rato de Toro e Malone continua AQUI.