Do caroço dissolvido no fundo do estômago

Nos intervalos do soluço das noites frescas, que se instaurava com os dentes pretos na janela furadinha do quarto tocando dança no trilho, eu ouvia. A voz saindo da boca dela. No chão de piso retangular, ao pé da cama, Frida. Ela se enroscava, já tinha um buraco perfeito no ponto em que a coxa conectava com o quadril. Enrodilhada em sua coluna privada, o plástico prateado do coliseu da dona,...

 

Da estrutura insistente da chama

Esturricando. Mais que isso. Cheiro de algo carbonizado que continua queimando, plástico que cozinha na panela de seu sangue artificial, cinza prensada sobre cinza ardendo no coração de um carvão infindável. Cheiro que faz arder a gengiva, seca os olhos, escala as narinas e ferra as cartilagens como faca enfiada e torcida por mão treinada.

Há semanas que acordo com esse cheiro impregnado...

 

Vontade é coisa mambembe

Sempre que passava um circo pela cidade lá tava o seu Valdivo pendurado na grade, a silhueta da roupa dele recortada pelas luzes coloridas, as costas bem retas, a cabeça de um lado pro outro, seu fiel hipopótamo parado do lado, olhando pra dentro também. Os dois largavam a carroça empinada no chão e respiravam aquilo, mergulhavam os olhos naquela atividade barulhenta e viva do circo, de long...

 

« Carregar mais posts